Quase metade de todos os produtos que entram nos Estados Unidos está hoje sujeita a tarifas, segundo uma análise do New York Times baseada em dados de comércio do Census Bureau – um sinal contundente de como o presidente Donald Trump remodelou a política comercial americana desde que voltou ao poder em janeiro.
Ao longo de 2025, Trump anunciou sucessivas rodadas de tarifas, mirando praticamente todos os países do mundo em níveis inéditos em cerca de um século. A legalidade da maior parte dessas medidas, porém, está em risco: na semana passada, a Suprema Corte começou a analisar um processo que questiona o uso, pelo presidente, de uma lei de poderes emergenciais para impor as cobranças.
Só neste ano, as tarifas emergenciais já afetaram mais de US$ 300 bilhões em produtos importados. O volume mostra tanto o alcance das mudanças implementadas por Trump em favor de uma política mais protecionista quanto o tamanho do risco que ele enfrenta no julgamento.
Hoje, mais de 90% das importações americanas estão sujeitas a algum aspecto da política comercial do governo Trump: tarifas anunciadas neste mandato ou no anterior, ou ainda isenções temporárias concedidas a determinados produtos.
O presidente tem acionado diferentes dispositivos legais para impor tarifas. Ele reforçou cobranças já existentes sobre setores como aço, automóveis e madeira, valendo-se da Section 232, que permite tarifas por motivos de segurança nacional. Essas tarifas – além de outras aprovadas em legislações distintas, incluindo algumas do primeiro mandato – não estão sob análise da Suprema Corte.
Isso significa que, independentemente da decisão, cerca de 16% das importações dos EUA continuarão altamente tarifadas.
A China já enfrentava tarifas protecionistas impostas no primeiro mandato de Trump e ampliadas pelo governo Biden. Essas cobranças – que atingem mais da metade das exportações chinesas para os EUA – continuarão valendo mesmo se a Suprema Corte limitar o poder presidencial.
As tarifas emergenciais aplicadas neste ano elevaram ainda mais essas taxas, muitas vezes sobrepondo-se às existentes. Resultado: a tarifa média aplicada aos produtos chineses supera 40%, uma das mais altas do mundo.
O caso da União Europeia é diferente. Antes de 2025, a maioria dos produtos europeus entrava nos EUA sem tarifas. Apenas cerca de um quarto das exportações do bloco era taxada. Agora, aproximadamente 60% enfrenta alguma cobrança – e grande parte dessas tarifas depende da decisão da Suprema Corte.



