A missão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos países do Sudeste Asiático, que teve as primeiras agendas oficiais nesta quinta-feira, 23, na Indonésia e segue para a Malásia, terá o agronegócio no centro da pauta. Os países do Sudeste Asiático estão entre as prioridades do governo e do agronegócio brasileiro de ampliação e diversificação das exportações, movimento intensificado após a escalada tarifária dos Estados Unidos.
Atualmente, a Indonésia é o sexto principal destino das exportações de produtos do agronegócio brasileiro, enquanto a Malásia ocupa o 26º lugar. Em ambos os países, há tratativas bilaterais em andamento para aberturas e ampliações de mercado, lideradas pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, com possível anúncio de acordos comerciais e de cooperação agrícola e em desenvolvimento sustentável durante a passagem da comitiva presidencial.
Com a Indonésia, um dos temas é a habilitação de mais empresas brasileiras para a venda de carne bovina. O país abriu seu mercado para carne bovina com osso, miúdos bovinos, produtos cárneos e preparados de carne do Brasil em agosto deste ano. Hoje, 38 plantas estão habilitadas, e o Brasil quer ampliar o número de frigoríficos que possam exportar carnes ao mercado indonésio. No último mês, mais 17 plantas foram autorizadas para embarques de carnes e quatro empresas de farinha de origem animal. O aval depende da autoridade sanitária do país importador.
Outro assunto em negociação é a importação pela Indonésia do frango brasileiro com requisitos sanitários a serem superados. Em 2019, após contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC), o organismo multilateral decidiu a favor do Brasil que contestava medidas restritivas impostas pela Indonésia na importação do frango brasileiro. Agora o País busca abrir de fato o mercado. O governo brasileiro estima que há potencial de exportação de carne de frango do Brasil de US$ 70 milhões ao ano para o país asiático.
A Indonésia foi o quarto principal destino das exportações de produtos do agronegócio brasileiro em 2024, com embarques de US$ 4,252 bilhões, 2,6% de tudo o que foi exportado pelo País, segundo dados do Agrostat – sistema de estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro. No acumulado deste ano, de janeiro a setembro, o país ocupa a sexta posição em destinos dos produtos do agronegócio nacional, com US$ 2,423 bilhões exportados. A pauta é concentrada em vendas de farelo de soja e açúcar. Já a importação brasileira de produtos indonésios é dominada pela aquisição de óleo de palma.
Na Malásia, onde a missão presidencial desembarca na sexta-feira, 24, o Brasil quer ampliar o número de frigoríficos aptos à exportação de carne suína. O mercado foi aberto em setembro do ano passado e os embarques agora começam a ser efetivados após auditoria malaia no sistema sanitário brasileiro em junho deste ano.
Na última semana, a Malásia habilitou os dois primeiros frigoríficos autorizados a exportar a proteína ao país: uma unidade da BRF de Uberlândia (MG) e uma unidade do Grupo Bugio de Chapecó (SC). Outras 16 unidades industriais estão aptas à certificação conforme os requisitos sanitários acordados entre os países, segundo o governo brasileiro, que pleiteia a habilitação destas plantas.
Também com a Malásia, o Brasil pretende negociar a flexibilização do protocolo sanitário de suspensão de embarques de frango em casos de gripe aviária. A regulamentação atual prevê que, em casos de influenza aviária, o país em questão fica afastado do comércio por um ano. Atualmente, os embarques de carne de aves brasileira à Malásia estão suspensos desde 16 de maio, quando o País registrou um caso de gripe aviária em plantel comercial.
O Brasil exportou US$ 1,268 bilhão em produtos do agronegócio à Malásia em 2024, 0,85% de tudo o que foi exportado pelo País, segundo dados do Agrostat. O mercado malaio foi o 25º destino dos produtos agropecuários no ano passado.



