Brasília – O comércio entre o Brasil e os Estados Unidos poderá fechar o ano de 2021 com um triplo e histórico recorde: maior valor da corrente comercial (exportações+importações), maior valor das exportações brasileiras para os Estados Unidos e maior valor de importações do Brasil procedentes do mercado americano. As projeções constam do Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos, elaborado pela Amcham Brasil.
As estimativas levam em consideração os sólidos números apresentados pelo comércio bilateral brasileiro-americano nos nove primeiros meses deste ano. No período, as exportações brasileiras atingiram o valor inédito de US$ 22,3 bilhões, cifra 47,1% superior à registrada no mesmo período do ano passado, quando somaram US$ 22,1 bilhões. Por sua vez, as importações brasileiras atingiram a cifra recorde de Us$ 27,3 bilhões, com uma alta de 29,8%.
Os embarques do Brasil para os EUA em 2021 representaram 10,4% do total das exportações totais brasileiras (alta de 36,9%). A taxa de crescimento das vendas para os EUA no ano (+47,1%) superou a das exportações totais brasileiras +36,9%).
Entre os destaques nas exportações se sobressaem setores como siderúrgico, combustíveis, aeronaves e produtos de madeira. As vendas de semi-acabados de aço e petróleo bruto tiveram crescimento de 137% e 206%, respectivamente, favorecidos pelo aumento nos preços globais de commodities.
A região Sudeste respondeu por 64,3% das exportações para os EUA no período. São Paulo foi o estado que mais vendeu para os EUA, com 28,5% do total, com destaque para aeronaves (US$ 931 milhões). Rio de Janeiro, segundo principal estado exportador para os EUA, liderou os embarques de semiacabados de aço e de petróleo. A região Sul correspondeu a 16,5% dos embarques para os EUA, devido principalmente às vendas de folheados de madeira.
Por outro lado, as importações originárias dos Estados Unidos registraram o valor inédito de US$ 27,3 bilhões até o mês de setembro de 2021, um crescimento de 29,8%. O maior valor anterior era de US$ 26,9 bilhões, no mesmo período de 2014.
As compras brasileiras dos EUA representaram 17,4% de todas as importações feitas pelo Brasil até setembro de 2021 e o crescimento das importações brasileiras (+29,6%) ficou abaixo da taxa de aumento das importações totais (+36,4%).
As importações de gás natural, com forte alta de quase 1.700%, têm sido estimuladas sobretudo pela escassez energética derivada da atual crise hídrica que o Brasil atravessa. Além disso, a aceleração da vacinação contra a Covid-19 no Brasil gerou importações de US$ 1,2 bilhão em vacinas (aumento de 956%).
As importações brasileiras originárias dos EUA se concentraram no Sudeste (53,4%) e São Paulo foi o principal estado importador (28,6%), sobretudo de inseticidas, herbicidas e combustíveis. A região Nordeste foi a segunda principal origem das compras dos EUA (18,3%), totalizando US$ 4,9 bilhões até setembro.
Os principais importadores de gás natural dos EUA foram o Rio de Janeiro (US$ 1,2 bilhão), Bahia (US$ 503 milhões) e Ceará (US$ 68,7 milhões).
De acordo com o estudo da Amcham Brasil, o terceiro trimestre de 2021 registrou forte desempenho, com aumento de 73,4% nas exportações e de 83,7% nas importações, comparativamente com o mesmo período de 2020.
Com base nesses números, a instituição atualiza sua projeção para o comércio bilateral no ano de 2021, e antecipa existir a possibilidade elevada de:
– recorde de exportações brasileiras para os Estados Unidos, com estimativa de embarque em valor próximo a US$ 31 bilhões;
– recorde de importações brasileiras oriundas dos Estados Unidos, com valor próximo de US$ 37 bilhões;
– saldo negativo para o Brasil superior a US$ 6 bilhões.
(*) Com informações da Amcham Brasil